Meus Textos

Era das redes sociais
Nova Era das trevas?
A força e a debilidade dos tempos atuais

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Toda mudança gera conflitos. Assim foi e será, sempre que situações de acomodação forem sacudidas convidando ao movimento ou novas e mais eficazes descobertas forem implantadas, incitando à inovação para melhoria geral.

Sempre haverá pessoas com dificuldades em variados graus, para apreender de pronto, a necessidade de mudanças.

Nas últimas décadas, no entanto, mudanças necessárias e desnecessárias ocorreram, não mais com o fluxo normal da vida em evolução, mas em forma de tsunami, assolando nobres valores, caráter, virtudes e respeito aos princípios, maiores riquezas do ser humano.

Com o advento das redes sociais um grande número de pessoas permitiu-se desatar os freios que mantém o mínimo de controle sobre as ações que envolvem respeito a outrem.

Engana-se quem pensa que a virtualidade se assemelha a cortinas ou paredes, impedindo que se saiba sobre quem está do outro lado. Nunca a humanidade esteve tão exposta. E nunca esteve tão abertamente de braços com a mediocridade, sem medidas, sem critérios.

Pessoas sensatas muitas vezes fogem de opinar nas redes porque os “juízes” virtuais brotam como ervas daninhas, sufocando qualquer pensamento mais cristalino e esclarecedor sobre ética e preceitos sociais.

Na Era do “tudo pode” a intolerância parece ditar as regras, começando pelos próprios representantes das nações que, perdendo o respeito por si próprios, jamais conseguirão impor o devido respeito ao cidadão num todo. Com o acesso livre às mídias, facilitado pelo livre manuseio dos dispositivos móveis, administradores e administrados trocam todo tipo de
ofensas, respaldados pelo aparente escudo da atmosfera virtual. Tempos em que se poderia aproveitar essa proximidade para elaborar opiniões construtivas, ao contrário, há quem prefira expor-se e indispor-se, seja lá com quem for, independentemente de correr o risco de romper com amizades valorosas.

Vivemos tempos sem medidas.

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E ao tentar tirar as máscaras sociais, com elas, tiram-se também a dignidade, tal a brutalidade com que a sociedade atual passou a se comportar amparada pela ilusão virtual, sem a necessária filtragem.

Tempos em que hipocrisia e incoerência vivem seus esponsais mais duradouros. Ao mesmo tempo em que se reclama de tudo, se faz também de tudo, subestimando os brios alheios. Exatamente o que de mais cuidados carece, pois se os nossos brios não podem ser afetados, os do outro também merece nossa atenção. Um brio afetado se assemelha a poderoso combustível altamente inflamável.

Se em todas as épocas anteriores as mudanças se adequaram e as gerações as assimilaram, desta vez não terá as mesmas configurações. Não haverá apenas adequação. Não desta vez!

Em tempos onde dispositivos tecnológicos fazem parte obrigatória do dia a dia do cidadão comum, incluindo todas as fazes da infância; se a vida diária está definitivamente atrelada a essa condição, então já não há mais como amoldar e ajustar a população ao sistema, é a população a única responsável pela atualização dos valores, adequando-os aos preceitos do bem viver. Do melhor para todos para que também fique melhor para o indivíduo. Porque o sistema está nas mãos de cada um agora. Porque se todos forem capazes de entender de pronto como a tecnologia funciona em rede, estarão prontos também para cuidar de todas as atualizações do próprio sistema pelo bem comum.

As novas mudanças, portanto, as mudanças desta Nova Era, são de total responsabilidade de cada cidadão. Não apenas do Estado.
Qualquer cidadão consciente pode e deve transformar a Nova Era das trevas em Nova Era da luz, agindo com a necessária maturidade. Trocando a alienação da quantidade de curtidas em postagens medíocres ou irresponsáveis, com dedinho para cima de positivo e coraçõezinhos no ar, por respostas conscientes em postagens maduras, no intuito de elevar o nível das comunicações em redes e da comunicação num todo, a partir de debates conscientes.

As provocações e os disparates acobertados pela virtualidade, muitas vezes agridem direitos individuais ou coletivos, principalmente se estiverem em desacordo com as legislações federal, estadual ou municipal vigentes, ou normas institucionais, acabando por deteriorar os espaços onde deveria imperar a ordem pública.

Reflitamos

Ellen – Escritora de gaveta
Artista Visual – Pedagoga – Pós em Arte-Educação

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O ATO DE CONTAR HISTÓRIAS

Elenice A Silveira

Artista Visual-Ilustradora

Artista Digital-Arte Educadora

Contar histórias… Ah se os adultos soubessem quanta importância tem, para o desenvolvi mento da criança, o ato de contar histórias… Bem, sem contar que quem conta também desfruta de tudo que daí provém.

Imaginações que nos levam até o arco-íris mais puro… Nos levam além das estrelas… E nos permitem viajar pelo universo cruzando a via-láctea, entre planetas, planetóides e poeira cósmica… Ah, como é bom!… Espera, volta! É só uma reflexão sobre contar e ouvir histórias, lembra?

Então… E é daí que começa a literatura infantil.

Algumas pessoas acham besteira perder tempo contando histórias para crianças muito novinhas, que ainda não sabem ler. Desconhecem, portanto, ou, talvez esqueçam, de que a ciência comprova os benefícios advindos da conversa da mãe e demais familiares com o bebê que ainda está no ventre. Lembrando este pequeno detalhe podemos adivinhar quão necessário se faz a conversa e a narração de contos às crianças, independente de serem ou não alfabetizadas. Acresce, também, que só a candura da infância permite voar com a imaginação sem limites… Assustando-se com dragões, bruxas e monstros, para, em seguida sorrir de tudo isto, quando o adulto lhe revela que era só de brincadeirinha.

Explorar a elasticidade da imaginação infantil é obrigação de todo adulto consciente de que estará, com este ato, ajudando um futuro leitor que, por hábito, passará a procurar livros que lhe interessem, começando assim, a interminável viagem pelo conhecimento, pelo saber. Desse modo, o adulto terá investido muito bem seu tempo, ao ver a frutificação da sua dedicação.

Mas é preciso considerar também, que não basta contar histórias ou ler um livro para crianças, fazendo-o por fazer, só para cumprir um ritual ou obrigação, sob pena de fazer as crianças passarem a detestar livros e leituras.

É preciso considerar também, o conteúdo da história em relação ao momento em que será lida ou contada. Uma mãe, por exemplo que, não conseguindo controlar a choradeira do filho, passa a contar-lhe histórias de bicho-papão, com certeza passará à criança uma idéia de medo associada ao personagem. E vai por aí tantas outras falhas, quando a pessoa não está devidamente preparada para assumir a atitude de cuidar, mas cuidar de verdade, de uma criança, providenciando e lançando mão de tudo que possa fazer com que cresça equilibrada.

Minha mãe tinha um jeito diferente de contar histórias (porque toda mãe tem seu jeito próprio), quando a criança era muito novinha, começava cantando e se conseguisse envolvê-la, terminava declamando. Se a criança já estava começando a balbuciar palavras referindo-se aos objetos em redor, então começava apontando algo, prendendo a atenção da criança para, em seguida, iniciar uma narrativa. Ex.: – Olha a lua! Todas as noites ela vem iluminar nossa casa quando as luzes se apagam… Sabe por que? – Porque a lua é irmã do sol, assim, enquanto o sol descansa, a lua acende… E os dois vão trabalhando juntos todos os dias, de dia o sol, de noite a lua. Enquanto um descansa, o outro ilumina. E quando tudo fica escuro e vem a chuva? Ah é porque os dois precisaram descansar e chamaram a chuva para molhar as plantinhas… Mas os dois continuam lá, atrás das nuvens, dando só uma descansadinha, enquanto a chuva trabalha… E logo a mente da criança enaltecia sua imaginação, já por natureza fértil, e então começavam a fazer parte do cenário, luzes que representavam pequenos seres iluminados (fadas? vagalumes?) como se fossem estrelas, independente do sol, lua ou chuva. As silhuetas formadas pelo claro-escuro da noite também sugeriam figuras que, ganhando vida, passavam a ser adotadas como imaginárias ilustrações de outros possíveis contos.

E quando já haviam crescido um pouco e começavam a aprender a ler, queriam, mesmo assim, olhar os astros e ouvir da mãe uma história imaginária… Porque ouvir é sempre bom…

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E assim minha mãe inventava várias histórias, todas com fundo educativo – porque a criança aprende brincando (Piaget) – Se num momento apontava um astro, em outro mostrava um objeto qualquer ou um brinquedo, e a partir daí elaborava rapidinho uma história.

Minha avó desenvolveu um jeito ainda mais insólito de contar histórias: – todos os dias, afixava em um mural, uma folha contendo parte do conto. No final de uma ou duas semanas, conhecíamos a história inteira. Para alguns entendidos isso poderia ser visto como algo cansativo, uma vez que a criança tem um “tempo ansiedade”diferente do adulto, por isso lhe contam de preferência histórias curtas, de imediata conclusão. Mas ela achava que adotando esse método, estaria disciplinando a ansiedade da criança, e fazia com que amasse cada dia, já que todos os dias lhe reservavam uma surpresa.  È claro que isto não dispensava a contação de histórias curtas antes de dormir ou outro momento de relaxamento… Antes das refeições…

Em seu livro Gostosuras e Bobices (Editora Scipione), Fanny Abramovich enfatiza: “É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica… É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula… Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer […]

Outra detalhe importante a ser considerado na literatura infantil, é o critério das ilustrações. Porque as imagens também contam histórias. Há casos em que até dispensam textos. Nos casos, porém, em que não há ilustrações, a história deve ser apenas contada e não lida, porque seria cansativo demais para uma criança ouvir um adulto lendo… lendo, sem poder ver para imaginar, principalmente se este adulto não conseguisse criar personagens imaginários. Quanto mais novinha for a criança, menor  deve ser o texto e maior a quantidade de ilustrações, mas, acima de tudo, melhor deve ser a qualidade do ato de narrar, uma vez que, para as crianças de tenra idade, o conteúdo não conta muito, o que conta é a emoção. A literatura infantil caminha de braços dados com a ilustração, por isso que, se esta não estiver em harmonia com o conteúdo, não há como conciliar um fechamento de idéias ou uma dramatização completa. Por outro lado, ainda com referência às crianças bem novinhas, é preciso permitir que elas manuseiem os livros. Prevendo maior comodidade neste sentido, já existem livros próprios para esta faixa etária, onde a produção é feita em tecido ou outro material lavável e resistente ao manuseio, porque nesta fase a criança precisa tocar, sentir, descobrir.

Em geral, são elas quem definem o que vem a ser um conto infantil. A partir de suas próprias escolhas e atitudes é que nascem os contos.

“São as crianças, na verdade, que o delimitam, com a sua preferência. Costuma-se classificar como Literatura Infantil o que para elas se escreve. Seria mais acertado, talvez, assim classificar o que elas lêem com utilidade e prazer. Não haveria, pois, uma Literatura Infantil a priori mas a posteriori. Mais do que literatura infantil existem “livros para crianças”. Cecília Meireles (1951)

É preciso considerar também, que criança tem possui senso crítico e percebe quando está sendo iludida, por isso, contar histórias a uma criancinha, não significa enrolar, dizer qualquer coisa com palavras vazias. Embora muitas vezes não pareça, a criança está atenta ao desfecho do que está sendo narrado.

Vejamos o que diz uma importante escritora de portugal :

“Primeiro, contei todas as histórias que sabia. Depois, mandei comprar alguns livros que tentei ler em voz alta. Mas não suportei a pieguice da linguagem nem a sentimentalidade da ‘mensagen”; uma criança é uma criança, não é um pateta […]. Resolvi inventar. Procurei a memória daquilo que tinha fascinado a minha própria infância […] “Sofia de Melo Breyner ( Primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999).

REFERÊNCIAS

ABRAMIVICH, Fanny – Gostosuras e Bobices – Editora Spicione

http://elisacarvalho.no.sapo.pt/pdf/Trabalho%20imagem%20Elisa%20Castro.pdf

BREYNER,  Sofia de Melo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sofia_de_Melo_Breyner – Acessado em 05 /04/2011

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O Mural da Vovó

Um modo diferente de contar histórias

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